O órgão responsável pelo Complexo da Rampa é a Secretaria Estadual de Turismo (Setur). Em reportagem da Tribuna do Norte na semana passada, o secretário Manuel Gaspar descartou a possibilidade de inaugurar o espaço somente com a estrutura do prédio. Procurada ontem pela reportagem do VIVER, a Setur informou por meio da assessoria de imprensa que os detalhes da abertura para o público ainda estão sendo definidos.
Em Natal, alguns dos principais acervos sobre aviação e Segunda Guerra são de colecionadores particulares integrantes da Fundação Rampa, que inclusive conta com pesquisadores que estudam o tema há mais de 20 anos. Segundo o presidente da entidade, o jornalista Leonardo Dantas, a fundação ainda não foi contada formalmente quanto a alguma parceria para exposição. “Soubemos da data da reinauguração do Complexo da Rampa pelo jornal. A última conversa sobre acervo e exposição que tivemos com o pessoal do museu foi há dois anos. Na época chegou a ser pensado uma parceria público privada para o museu. Mas até agora não foi pra frente”, diz Leonardo Dantas. “Pode ser que até o dia 27 nos chamem para montarmos algo para a ocasião da reabertura. Essa figuração não nos agrada. O objetivo do prédio é ser um museu e não um lugar de encenação. Então já deveria ter sido pensada uma exposição permanente”.
A Fundação Rampa já deixou claro em várias ocasiões que tem o interesse em colaborar com a exposição, o que não seria a primeira vez. No período de 2000 até 2005, a entidade foi quem organizou a exposição do Museu da Rampa quando o local estava aberto – na época, sob a guarda da aeronáutica. Para a Copa do Mundo em Natal, em 2014, a Fundação também chegou a montar uma exposição. “A ideia era que essa exposição ocorresse na Rampa, mas como ainda estava em obras, montamos na Pinacoteca”. As exposições da Fundação Rampa contam com peças de dois importantes acervos particulares.
Um é o do pesquisador Fred Nicolau e o outro é o do empresário Augusto Maranhão. Dentre as peças estão livros, revistas, fotografias, mapas, maquetes, cartas, relatórios oficiais, uniformes, filmes do período, depoimentos de veteranos gravados em vídeo. Augusto inclusive possui um caminhão da época e peças e motores de aviões utilizados durante a Guerra.
“Montar uma exposição não é simplesmente jogar o acervo lá e pronto. Para aquisição de cada peça há um trabalho de pesquisa por trás. Para saber a relação com Natal, saber se é legítima. Não é de graça. As coisas não podem ser na informalidade. Temos que ter um contrato”, comenta Leonardo.
O Complexo Cultural da Rampa abrange uma área de 13 mil metros quadrados e está localizado de frente para o Rio Potengi. O local vai dispor de espaços para exposição temporária e permanente, bar temático, loja de souvenir, banheiros, sala de administração, auditório, estacionamento para 85 carros, serviços de táxis, guias e ônibus de turismo, além de área externa, com píer à beira-rio para contemplação do Potengi.
Visitas e atrasos
De acordo com Leonardo Dantas, a Fundação Rampa tentou várias vezes levar o acervo para o Museu da Rampa. Como nada foi definido oficialmente, eles estão trabalhando para dar visibilidade ao conteúdo guardado. “Um pessoa ofereceu uma casa para que levássemos o acervo para lá. A ideia é organizar o lugar para que funcione como exposição e lugar de pesquisa”, conta o presidente da Fundação. Ele ressalta que a casa não ficará aberta ao público.
“A Fundação é bastante procurada por quem está estudando o tema da Segunda Guerra. As pessoas pedem para ter acesso ao acervo, querem conhecer o que temos de material. Então nos foi oferecido esse lugar. As visitas serão só por agendamento. Estamos levando os materiais pra lá. A perspectiva é de estarmos com tudo pronto em janeiro”. Na foto, Fred Nicolau mostra acervo de uniformes de época.
De frente para o Potengi, Complexo Cultural abrange a instalação do Museu da Rampa e a construção do Memorial da Aviação. Juntos, os equipamentos ocupam uma área de 13 mil m² no mesmo local onde funcionou a antiga rampa de hidroaviões. O projeto tem assinatura do arquiteto Augusto Ribeiro Dantas.