Uma festa de queijos e sabores

Queijos produzidos artesanalmente de variados sabores, cores e texturas são destaque na II Exposição de Queijos Artesanais, no Espaço Terroir Potiguar que permanece até o próximo sábado (20), no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim. Paralelo à exposição estão sendo realizadas oficinas gastronômicas e palestras motivacionais, ensinando a montagem de mesa de queijos e sobre a harmonização do produto com vinhos nacionais. Essas e outras atividades do espaço montado pelo Sebrae-RN estão atraindo um público numeroso de empreendedores, pequenos produtores rurais e pessoas interessadas nas atividades do agronegócio e da área de gastronomia.
Exposição de queijos artesanais atrai apreciadores do produto
Exposição de queijos artesanais atrai apreciadores do produto
A exposição tem um campeão que realizou um feito inédito no “Mondial du Fromage 2017”, concurso realizado em Tours, na França: foi eleito o melhor queijo de leite cru e massa prensada, conquistando medalha de Ouro e Super Ouro. Produzido na pequena cidade de Sacramento, região de Araxá, próximo ao triângulo mineiro, o queijo Senzala tem sabor suave, amanteigado, muito macio, semi-cremoso, encoberto de mofo branco na casca e 30 dias de cura. É a maior prova da qualidade superior dos queijos artesanais que estão sendo produzidos no Brasil.
De sabores, texturas e cores variadas, os queijos da exposição são provenientes do Seridó norte-rio-grandense, da Paraíba, de São Paulo e da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Os produtos, alguns deles premiados em concursos nacionais e internacionais, despertam a curiosidade dos visitantes do espaço Terroir Potiguar, que podem degustar e adquirir peças inteiras com garantia de procedência.
A proprietária da queijeira Senzala, Marly Leite, trouxe para o evento deste ano o seu premiado queijo tradicional e o tipo defumado. Também relatou a sua experiência na Oficina “Queijeiros do Mato”, na qual preparou uma receita diante de uma plateia de apreciadores de queijos artesanais. O produtor da Serra da Canastra, Dieguinho Caseirinho, também participou da oficina, ensinando a preparação da manteiga. Dieguinho falou sobre a experiência de maturação do seu queijo na caverna por um período de 30 a 60 dias, o que vem proporcionando um sabor inigualável e que já lhe rendeu medalha de ouro no Prêmio Queijo Brasil, em 2016.
Produtora Marly Leite ministra oficina Queijeiros do Mato
Produtora Marly Leite ministra oficina Queijeiros do Mato
 
Marly Leite reconhece que há um visível crescimento do mercado produtor de queijos artesanais em todo o país, o que é atribuído por ela a fatores importantes como o fomento à atividade e as parcerias entre os produtores dos diversos estados. “É fundamental esse intercâmbio que está fazendo com que o queijo produzido em um estado seja levado a outro e assim por diante”, elogia, exemplificando com o convite para participar, pelo segundo ano consecutivo, do Espaço Terroir Potiguar, na Festa do Boi.
Na opinião de Marly, “as portas estão se abrindo para o mercado produtor”. Desde 1996, as queijeiras mineiras começaram a se organizar, na tentativa de tornar o queijo conhecido e valorizado. A iniciativa foi seguida por produtores de outros estados e o resultado é que nos últimos cinco anos houve um ‘boom’, com o queijo artesanal conquistando lugar de destaque no mercado brasileiro.
Do município de Parelhas, região do Seridó norte-rio-grandense, Anderson Ricardo de Serra Dantas trouxe para a exposição o seu queijo coalho. Há mais de 10 anos no mercado, Anderson Dantas disse que comercializa a sua produção na própria região e na capital. “Fazemos parte do projeto de melhoramento das queijeiras, com a finalidade de organizar, regularizar e estruturar os produtores do Seridó. Esperamos que, com isso, o negócio cresça ainda mais nos próximos anos, trazendo prosperidade para o setor e melhorando ainda mais a qualidade dos nossos queijos”, acredita.
Entre as variedades da II Exposição de Queijos Artesanais, o público visitante pode conhecer e experimentar o queijo Silvania 2, produzido em Cassapava/SP pela família de Camila Almeida, que no ano passado ganhou Medalha de Prata na competição Mesa Brasil com o Serrinha Silvania 2 e o Serrinha lavado na cerveja. “Somos a segunda geração da família trabalhando com o leite de animais criados no pasto, sem utilização de hormônio. A ordenha é feita com o bezerro ao pé da vaca, Ou seja, até os 10 meses de idade o bezerro fica junto com a mãe, o que afeta positivamente no resultado do produto”, explica Camila.
Variedades de queijos artesanais comprovam o nível da produção
Variedades de queijos artesanais comprovam o nível da produção
A expositora Inês Vilar, do Lacticínio Grupiara, trouxe para o Terroir Potiguar oito tipos de queijos, alguns deles premiados, como o Dom Ariano, tricampeão no Prêmio Queijo Brasil nos anos 2014, 2016 e 2017. Inês Vilar conta que a expectativa para a ampliação do negócio é alcançar a regulamentação, o que possibilitará a aquisição do selo que dará direito à comercialização do seu produto em todo o país.
As particularidades dos queijos mineiros são muitas. Cada produtor tem as suas técnicas, como revela Lucilha Faria, da Queijeira Artesanal Pingo de Amor, da Serra da Canastra. “Como a queijeira está localizada em uma altitude de 1.200 metros, o fungo é sazonal. Com a mesma receita, no período de outubro a março tenho o queijo branco, e de abril a setembro, produzimos o queijo amarelo, com e sem fungo, respectivamente”, relata a produtora mineira.