As escolas, no entanto, podem repassar aos pais reajustes maiores do que os previstos pelo Sindicato, contanto que as planilhas de custo, na qual se baseiam os reajustes, justifiquem o aumento, como explicou o diretor do Sindicato, Alexandre Marinho. “O principal é a folha de pagamento dos professores e demais funcionários, que representa 70% da planilha de custos”, explica. Os outros encargos que contribuem para os reajustes são chamados de “insumos educacionais”: água, luz, telefone, equipamento de informática, manutenção da instituição e outros aspectos necessários para o funcionamento da instituição, de acordo com Alexandre.
Nos últimos anos, com a crise econômica e a redução do poder de compra da população, muitos pais vem tirando os filhos das escolas particulares. “Isso precisa ser levado em conta, e é por causa disso que o valor desse reajuste não pode extrapolar demais. É preciso olhar os dois lados, dos pais, muitos dos quais estão tendo que enfrentar o desemprego, e o das instituições, que também não podem funcionar no prejuízo”, afirma Alexandre.
Nos anos anteriores, algumas escolas chegaram a aplicar aumentos de até 27% nas mensalidades, valor considerado abusivo. Nesses casos, a recomendação é acionar o Procon. O orgão, atualmente, está trabalhando em um levantamento em todas as escolas da capital potiguar a fim de tentar identificar possíveis aumentos abusivos de preço, e uma estimativa própria de percentual de reajuste para o ano seguinte, que deve ser divulgada na próxima semana.
Além da procura por escolas públicas, a inadimplência também vem aumentado durante o período de crise. Nesses casos, muitas escolas oferecem também, aos pais, a possibilidade de negociação da dívida, alguns casos até permitindo a realização da matrícula para o ano seguinte sem a quitação da anuidade do anterior. “Há atrasos das famílias e, na prática, não há muito que se possa fazer. Cerca de 10%, 12% dos pais vêm negociar as mensalidades atrasadas nesse período de matrículas do ano seguinte. Mas também precisamos ter em mente que as escolas precisam desses pagamentos para pagar seus funcionários e manter sua estrutura”, reforça Alexandre.
O valor do reajuste pode mudar, também, a depender da série da criança ou adolescente. O Ensino Médio, por exemplo, costuma ser a etapa mais cara da educação, e tem diferenças no reajuste até entre suas séries: o terceiro ano, por exemplo, costuma ter variações ainda mais altas do que os outros, em função de fatores como aumento da carga horária e aplicação de provas e aulas nos fins de semana, por exemplo. “O salto às vezes chega a ser de até 20%. Mas isso se explica pelo aumento da carga horária, tudo isso. O valor que se paga por um aluno do pré chega a ser duas vezes maior do que o de um aluno das outras séries do ensino médio”, completa.