31 mil saem às ruas e mais de 700 são detidos em protestos na França

Confrontos, bombas de gás lacrimogênio, barricadas e detenções marcaram mais um final de semana de protestos do movimento batizado “coletes amarelos” na França. Centenas de manifestantes se concentraram na manhã deste sábado (8) na avenida Champs-Élysées, em Paris, e entraram em confronto com policiais. Segundo o site do jornal francês “Le Monde”, a prefeitura de Paris informou que o número de detidos na cidade chegou a 615, dos quais 508 ficaram sob custódia da polícia.

O secretário de Estado do Interior, Laurent Nuñez, informou que cerca de 31 mil pessoas saíram às ruas pelo movimento neste sábado em todo o país e que, em nível nacional, o número de detidos já passa dos 700.

Thomas Samson/AFP
Veículo queimado em meio a protestos deste sábado em ParisImagem: Thomas Samson/AFP

Este é foi o quarto fim de semana de manifestações dos “coletes amarelos”, que começaram em 17 de novembro protestando em diversas cidades da França contra um aumento de impostos sobre o preço do diesel. O imposto chegou a ser revogado pelo governo no dia 4 de dezembro, mas a onda de protestos já havia se expandido e passou também a abarcar outras bandeiras, como aumento de salário, maior justiça fiscal e críticas ao governo do presidente Emmanuel Macron.

Com os levantes deste sábado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se manifestou em sua conta no Twitter ligando o descontentamento dos franceses a falhas do Acordo de Paris e sugerindo que os manifestantes deveriam entoar “Nós queremos Trump” (veja mais abaixo).

Confrontos e gás lacrimogênio

Pouco depois das 9h deste sábado, no horário local, começaram, no centro de Paris, momentos de tensão entre os manifestantes e as forças policias, que impediram a passagem pela Champs-Élysées a partir de um determinado ponto, perto do Palácio do Eliseu.

Benoit Tessier/Reuters
‘Coletes amarelos’ se reuniram no centro de Paris na manhã deste sábado (8)Imagem: Benoit Tessier/Reuters

Quase uma hora depois, os agentes utilizaram gás lacrimogêneo para dispersar as dezenas de “coletes amarelos” que tentavam entrar pela rua Arsène Houssaye, travessa da Champs-Élysées. Com ordens para evitarem cenas de guerra urbana como as que ocorreram há uma semana, os agentes usaram o gás e realizaram várias detenções. No início da tarde, os manifestantes também montaram barricadas e queimaram objetos nas ruas.

Em entrevista ao canal “BFMTV”, a porta-voz da polícia Johanna Primevert indicou que, durante a manhã, havia cerca de 1.500 manifestantes na Champs-Élysées e centenas na praça da Bastilha e em Porte Maillot, perto do Palácio do Congresso.

Pela primeira vez em mais de 40 anos, as forças policiais em Paris contam com 12 blindados da gendarmaria que podem ser utilizados para atravessar barricadas.

A cidade se protegeu diante do temor da violência: estão fechados os principais museus e monumentos (como a torre Eiffel), diversas lojas de departamento e comércios, além de aproximadamente 40 estações de trem e metrô.

Trump: “As pessoas não querem pagar para proteger o ambiente”

Por volta das 11h deste sábado (no horário de Brasília), quando a concentração de manifestantes e os primeiros confrontos com a polícia já contavam algumas horas em Paris, o presidente americano Donald Trump comentou as movimentações em seu Twitter.

“O Acordo de Paris não está funcionando tão bem para Paris”, escreveu ele, em referência ao acordo do clima que reúne mais de cem países e do qual o Estados Unidos se retirou, sob a gestão de Trump, em 2017.

“Protestos e tumultos por toda a França. As pessoas não querem pagar grandes somas de dinheiro, em grande parte para o terceiro mundo (que são questionavelmente governados), para talvez proteger o meio ambiente.”

Donald J. Trump

@realDonaldTrump

The Paris Agreement isn’t working out so well for Paris. Protests and riots all over France. People do not want to pay large sums of money, much to third world countries (that are questionably run), in order to maybe protect the environment. Chanting “We Want Trump!” Love France.

O presidente ainda sugere, no post, o canto “Nós queremos Trump” entre os manifestantes. Na cobertura da imprensa internacional, não houve registros de menções a Trump em meio aos protestos. “Este slogan não foi ouvido por nenhum de nossos jornalistas presentes nas passeatas”, informou o “Le Monde” em sua página na internet.

*Com EFE e AFP