Mãe atípica, profissional da Educação informa que é direito da pessoa autista ter acesso a estratégias personalizadas que auxiliam a superar dificuldades de aprendizado
Celebrado nesta terça-feira (2), o Dia Mundial da Conscientização sobre Autismo tem como objetivo aumentar a informação sobre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) para reduzir o estigma associado ao diagnóstico e promover a inclusão das pessoas autistas em diversas esferas sociais, incluindo as escolas e universidades. Segundo a pedagoga Bruna Braga, que também é mãe atípica, o diagnóstico precoce é fator fundamental para que as pessoas autistas possam receber o suporte e os recursos necessários para usufruir de uma melhor experiência no processo educacional.
“Às vezes, transtornos como o autismo, e outros como o TDAH e a dislexia, trazem uma dificuldade extra para o processo de aprendizagem. Por isso, quando o quadro é identificado cedo, a criança pode ter acesso a ferramentas específicas e ao apoio psicopedagógico ao qual ela tem direito para poder alcançar todo seu potencial”, explica a especialista, que também é coordenadora do curso de Pedagogia da Estácio.
Segundo Bruna, é possível adaptar o ambiente de sala de aula e desenvolver estratégias personalizadas que abordam as habilidades e dificuldades da pessoa autista. “Às vezes, os pais e responsáveis não identificaram ainda o transtorno e por isso, não sabem que a sua criança tem direito a atividades adaptadas, o que não significa que será facilitado, apenas posto de outra forma. Por exemplo, crianças com TDAH precisam de textos mais objetivos, assim como crianças com TEA podem precisar de redução de estímulos sensoriais, uso de comunicação visual, entre outros instrumentos pedagógicos”, enumera.
A profissional da Educação ressalta ainda que, com o diagnóstico do transtorno em laudo, a criança com autismo tem direito a um auxiliar de turma dedicado a ela para que não haja perdas no processo educacional.
“É aí que entra o mês de conscientização do Abril Azul: para chamar atenção dos pais e professores que notam algum atraso na criança. Quanto antes for identificado e diagnosticado o TEA e outros transtornos, melhor para começar um atendimento especializado tanto na saúde quanto na educação, que é importante não só pro aprendizado acadêmico daquele indivíduo, mas também para a inclusão em atividades de sociais”.
TEA no Ensino Superior
A coordenadora do curso de Pedagogia da Estácio também cita os obstáculos que podem existir para o aprendizado de pessoas autistas adultas, quando diagnosticadas tardiamente.
“Muitos passaram pela Educação Básica tendo dificuldades que poderiam ter sido superadas porque nada mais era do que o transtorno pedindo que o conteúdo fosse transmitido de forma diferente do padrão. Então, ao chegar na vida adulta sem ter o diagnóstico, muitos podem até desistir de tentar uma faculdade porque ficam desmotivados, ou se tentam, desistem dos seus cursos”, diz a docente ao citar exemplos que já passaram por suas turmas do curso de Pedagogia.
“Essas pessoas também podem ter suas avaliações adaptadas, mas alguns têm vergonha de falar e de se expor, muito pelo estigma. Mas não é preciso se envergonhar, visto que existe um sigilo em relação a a isso, de forma a garantir que essa pessoa consiga concluir seus estudos da melhor forma possível”, enfatiza a professora Bruna, ao lembrar também do apoio emocional com o setor psicopedagógico para lidar com essas questões.
Na Estácio, o Núcleo de Apoio e Atendimento Psicopedagógico (NAAP), presente em 59 unidades do Brasil, oferece atendimento gratuito aos alunos com transtornos de aprendizado e deficiências, bem como aos docentes que necessitem de suporte em suas práticas pedagógicas.