No 77º Festival de Cannes, a moda é destaque entre o mar e o cinema

A brisa da primavera francesa recebeu artistas, cineastas e outras personalidades mundialmente relevantes para a realização do 77º Festival de Cinema de Cannes, entre 14 e 25 de maio. O caminho para os grandes salões onde as estreias e premiações ocorreram se transformaram em passarelas, nas quais grandes marcas foram prestigiadas e tendências de moda se destacaram durante o evento.

Chapéus retrô
A Riviera Francesa foi, durante décadas, um dos mais importantes centros culturais da Europa. Na chamada Era de Ouro de Hollywood, entre os anos 1920 e 1960, as atrizes que frequentavam Cannes e arredores gostavam de usar grandes chapéus — agora, referenciados pelas novas gerações no festival. Trata-se de uma nostalgia que alcançou a moda no ensolarado litoral francês.

As representantes da tendência que mais se destacaram foram Margaret Qualley, com um exuberante chapéu da Chanel, adornado com uma palma, símbolo do festival; a atriz Anya Taylor-Joy, com o acessório da Jacquemus; e, não com um chapéu, mas um lenço de cabeça, remetendo aos anos 1920, Hunter Schafer.

Tradicional vestido preto
O famoso vestido preto, com design longo e elegante, foi outro item que se destacou sob os flashes de Cannes. A fashionista Alexa Chung apostou na peça com decote em V, assinada pela Celine. As modelos Bella Hadid, Eva Herzigova e Elsa Hosk também aderiram ao visual, um clássico atemporal e certeiro para ocasiões como o maior festival de cinema da Europa.

Nos casos de Alexa e Elsa, o tom escuro do vestido não excluiu a leveza proporcionada pelos cortes e tecidos, mesclando com maestria a ocasião de gala ao clima litorâneo de Cannes.

Textura “molhada”
Não se trata de uma novidade, mas, sim, de uma estética resgatada nesta edição do Festival de Cannes. O vestido de seda com aparência “molhada”, em um quê futurista, foi destaque ao ser usado pela atriz Hunter Schafer, na estreia do filme Kinds of Kindness. A peça, da Armani Privé, faz parte da coleção de primavera/verão 2011.

As brasileiras Marina Ruy Barbosa e Gkay também apostaram na estética, que remete ao brilho da fantasia. Os looks são comparados a vestidos de princesas da Disney, por exemplo.

Moda como manifesto
Com o Festival de Cannes ocorrendo paralelamente a um conflito histórico no Oriente Médio, celebridades usaram os holofotes para se manifestarem contra os ataques israelenses à população da Faixa de Gaza. A australiana Cate Blanchett, por exemplo, fez uma discreta — e ao mesmo tempo, potente — manifestação pró-Palestina.

Assinado pelo designer francês Haider Ackermann para a grife Jean Paul Gaultier, o vestido escolhido por Blanchett é todo preto na frente. No entanto, ao se mexer, a estrela deixou à mostra os tons verde e branco nas partes interna e traseira do item de alta-costura. Ao se misturarem com o red carpet, os detalhes fizeram alusão à bandeira palestina.

No mesmo sentido, a modelo Bella Hadid usou um look feito do lenço que se tornou símbolo da luta e da esperança palestina. O Keffiyeh, normalmente usado na cabeça ou no pescoço, foi reinterpretado como um vestido, sem perder os característicos padrões e cores, além dos ornamentos de fios (borlas) nas extremidades.

Brasileiras em Cannes
A cada ano, o Brasil é representado por mais atores, cineastas e outras personalidades em Cannes. Em 2024, não foi diferente, e brasileiras chamaram atenção no tapete vermelho do festival. Na quinta-feira (23/5), personalidades como Jade Picon, Marina Ruy Barbosa e Isabeli Fontana prestigiaram o amfAR, baile de gala beneficente que ocorre anualmente na cidade francesa.

A atriz Taís Araujo participou da exibição do filme francês La Plus Precieuse Des Marchandises. A carioca usou um vestido do estilista brasileiro Lino Villaventura, que também assinou o look de Nataly Rocha, estrela de Motel Destino, filme brasileiro que concorreu ao principal prêmio do festival, a Palma de Ouro.

Influenciada pelo clima do litoral francês, pelas diferentes nações representadas no festival e até pelo cenário político atual, a moda em Cannes se provou, mais uma vez, como importante forma de expressão para atores e outros convidados no tapetes vermelho. Foi possível, durante os mais de 10 dias de evento, observar tendências que muito refletem diferentes movimentos estéticos e ideológicos do mundo.

Metrópoles