Por Cesar Silva, diretor-presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT)
O Ministério da Educação, por meio do INEP, fez as contas sobre o nível de evasão do Ensino Superior, com base no Censo da Educação Superior. O resultado está na ordem de 60%, considerando tanto os cursos presenciais quanto o EAD (educação à distância). Sendo mais específico, a análise mostra 58% de evasão no Ensino Presencial, contra 59% na Educação à Distância. Há um equilíbrio estatístico entre as duas modalidades, porém os números são extremamente altos para uma etapa tão importante da formação profissional e pessoal do cidadão.
A pesquisa do INEP considera um intervalo de monitoramento de 2013 a 2022, desde o grupo inicial de matrículas até os demais que surgiram durante os dez anos seguintes, para chegar em outras duas taxas de comparabilidade, além da já citada taxa de deserção. Uma delas indica a taxa de diplomação de estudantes que, ao final deste intervalo, concluíram os estudos. Deu 41% para o Ensino Presencial, contra 40% na EAD na Taxa de Conclusão Acumulada.
Já a outra mostra o percentual de alunos que ainda permanecem com algum tipo de vínculo com a Instituição de Ensino. Eles podem vir a concluir ou não o curso original. Deu 1% de Taxa de Permanência nas duas modalidades.
É interessante notar que ao longo destes dez anos de comparação temos flutuações que diferem nas modalidades.
Por exemplo, nos primeiros quatro anos de estudos a taxa de conclusão no Ensino Presencial é mais alta que no EAD, ficando em 28% pró Ensino Presencial, contra 16% no EAD. Mas, a partir do sexto ano após a matrícula, as taxas de conclusão vão se aproximando.
Isto indica que o aluno do EAD demora mais no itinerário de estudos, mas que acaba por concluir o curso mais à frente, empatando com o colega do presencial na taxa de diplomação.
A esta altura do cenário educacional brasileiro, trata-se de uma contribuição importante do INEP, que é um órgão vinculado ao MEC, pois com estes dados é possível derrubar uma sequência de fake news e de narrativas intencionais contrárias ao EAD no país – modalidade esta que contribuiu significativamente para a democratização do acesso ao ensino superior nas últimas décadas.
Pessoalmente, sinto gratidão e parabenizo os profissionais do INEP pela qualidade das informações consolidadas e divulgadas, mesmo na contramão do posicionamento do próprio MEC, que por meio do seu atual Ministro, Camilo Santana, se mostra contra o EAD ao questionar a qualidade dos cursos sem bases científicas, como as trazidas pelo INEP.
Agora, é inquestionável! O real cenário está explícito nos dados do Censo do Ensino Superior de 2022. Nota dez para o INEP.