O grupo Potiguares estará, no próximo dia 21, na cidade de Assu, apresentando o melhor da música instrumental do grande Lua, ou Luiz Gonzaga. O recital, realizado pelo grupo em parceria com o Sesc-Mossoró, tem como título Luiz Gonzaga, o meu remédio é tocar.
O maestro da banda é um nome bastante conhecido do cenário musical do Estado, quando o assunto é pífaro e flauta: Marcondes Melo. Com 20 anos de carreira, grande parte deles em sala de aula, ensinando o ofício a alunos, o professor, que foi criador de outros grupos musicais, atualmente se dedica a uma banda familiar – composta de amigos também – e ao grupo Potiguares, um desejo antigo seu de transformar a música de Luiz Gonzaga em um ritmo ligado ao clássico. “Comecei a pensar nisso há algum tempo e agora tive a oportunidade de montar este excelente grupo, com um violoncelo, bateria, flauta e sax, numa mistura de sonoridades diferentes e que agradou, desde a sua primeira apresentação, em março deste ano, no Sesc local, ao público”, fala, entusiasmado pela apresentação do próximo dia 21, na vizinha cidade de Assu, mais conhecida como a Terra dos Poetas. “Em Assu, acredito que a apresentação também será muito prestigiada, tendo em vista que a cidade tem um espírito muito voltado às coisas da cultura”, destaca Marcondes, reforçando que seu compromisso e do grupo é com a qualidade musical, principalmente em se tratando de um recital didático, em que existe, além da apresentação musical em si, uma explanação acerca da peça, dos instrumentos e da história do músico ou da música.
Essa forma de se apresentar, de acordo com o maestro, abre possibilidades de estar ainda mais próximo do público e de interagir. “Um recital didático abre muitos horizontes e é um ensinamento para ambas as partes: passamos e aprendemos, levamos conhecimento e música em um momento destinado à apresentação e ao crescimento musical e cultural”, destaca, explicando que a possibilidade deste momento se configura em uma importante iniciativa do Sesc que pode chegar, inclusive, a outras unidades. “Esperamos que esse projeto chegue a outros lugares em que o Sesc tenha ações, e que nosso trabalho agrade ao público, como agradou, em março, durante a apresentação inaugural do evento, na unidade Mossoró”, acrescenta Marcondes, sorrindo e agradecendo a “oportunidade de mostrar os nossos valores”, frisa.
POLÍTICA CULTURAL
Atento à cena da cultura local, principalmente no que diz respeito à música, Marcondes Melo explica que o momento é um tanto delicado. “Vejo que existem muitas iniciativas culturais, editais abrem a cada dia, há incentivo, de certa forma, mas a burocracia atrapalha um pouco o processo e acaba por afastar o artista interessado em participar destes editais, porque simplesmente até se torna inviável”, diz, salientando, entre outras coisas, que a política pública de incentivo à cultura deve ser mais “descentralizada”.
Para o maestro, o trabalho com a cultura ainda é visto de forma equivocada, por alguns agentes públicos. “Certa vez expliquei a um parlamentar que nossa cidade teve dois importantes momentos: quando descobriu o petróleo e o explorou e quando fez surgir grandes artistas. Nosso petróleo está se acabando e nossos artistas continuam sobre a terra. Somos o ouro da parte de cima da terra e precisamos de valorização. Se, por um lado, estamos perdendo uma fonte, por outro, nossos artistas continuam ativos, apesar dos pesares”, destaca. “Estamos felizes com o reconhecimento que o Sesc nos deu e agora incentiva a um projeto que evidencia o nosso principal nome em termos musicais, Luiz Gonzaga”, frisa.
Sereno, sorriso sempre no rosto e uma esperança renovada de fazer uma ótima apresentação no próximo dia 21, o artista se diz contente com todo o reconhecimento e diz que os ensaios “estão acontecendo com grande empolgação, para que o público da querida cidade de Assu tenha uma grande noite com Luiz Gonzaga, ao som da flauta, sax, violoncelo e bateria”. “Estarei sempre lutando pela cultura musical de qualidade, levando o melhor de nossa música para os palcos do Estado e com essa parceria, agora, com o Sesc, pretendemos expandir ainda mais nossos projetos, mostrando que existe, sim, bons grupos musicais, fazendo um trabalho diferenciado e poético”, finaliza, convidando a todos.
Fonte:Gazeta Do Oeste
