
Os docentes de outras instituições federais aprovaram desde a semana passada, a saída unificada da greve entre os dias 13 e 16. No entanto, os professores da Ufersa decidiram manter a paralisação e decidiram ontem retomar as atividades.
Com 61 votos a favor e nove abstenções, os professores da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) decidiram pela suspensão da greve em assembleia realizada ontem em Mossoró. A decisão está em consonância com os rumos do movimento docente em nível nacional, que, a partir de várias rodadas de assembleia, construiu orientação para uma saída unificada da greve através do Comando Nacional de Greve do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN).
Jairo Pontes, diretor da Associação dos Docentes da Ufersa (ADUFERSA) e advogado, explica que a suspensão na greve não quer dizer que as aulas serão retomadas imediatamente. Como o calendário foi suspenso, será necessário que o Conselho Universitário (CONSUNI) determine a continuação do calendário e o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) formate um novo calendário. “A retomada do calendário não depende mais da gente”, informa.
Ele explica ainda que a suspensão significa praticamente o encerramento. Com isso foi deliberado o retorno dos professores às atividades, no entanto, o retorno das aulas dependerá da decisão do Consuni, como já foi citado. Porém, os professores devem retomar o trabalho, com suas atividades que não sejam aulas. “O Consuni suspendeu a continuidade do calendário e nenhuma aula pode ser retomada. A expectativa é que venha a ocorrer a reunião dos conselhos superiores para resolver o problema do calendário. Provavelmente as aulas retornem na segunda-feira, mas isso é com a Reitoria”, informa Jairo.
Os docentes federais de outras instituições de ensino superior aprovaram a saída unificada, entre os dias 13 e 16, desde a semana passada. No entanto, os professores da Ufersa decidiram manter a paralisação e somente ontem decidir sobre o retorno às atividades. A greve ultrapassou os 130 dias, a mais longa da história das universidades federais.
Na assembleia realizada em 8 de outubro, os servidores já haviam recusado a proposta enviada pelo Governo Federal, que prevê um reajuste de 5,5% para agosto de 2016 e 5% em janeiro de 2017. De acordo com os docentes, tal proposta não oferece qualquer resposta à questão dos cortes no orçamento da educação, questão central para a deflagração do movimento pela categoria. Além disso, é caracterizada pelo Andes-SN como um confisco salarial programado, por situar-se muito abaixo da inflação prevista para os dois próximos anos e por não repor as perdas acumuladas desde 2010.
O Andes-SN tem apontado ainda a dificuldade de negociação diante da intransigência do Governo, que sequer dialogou com as contrapropostas apresentados pela categoria.
Segundo os docentes, apesar da suspensão da greve, a mobilização em defesa da educação pública e da carreira docente seguirá pelos próximos meses.
Fonte: Gazeta Do Oeste