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O Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, na região metropolitana de Natal, vai se transformar, entre os dias 5 a 7 de agosto, na capital do leite e do queijo no Nordeste. Durante este período, o espaço vai sediar a 15ª edição do Encontro Nordestino de Leite e Derivados (ENEL).
Após sofrer perdas consideráveis com os efeitos da seca dos últimos anos, com a redução de 5,1% do rebanho leiteiro em 2018 ante o ano de 2006, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o que representa uma perda total de 13 mil de vacas leiteiras, o segmento de produtos do leite e derivados no Rio Grande do Norte chega ao evento em processo de recuperação, avalia Acácio Brito, gestor de projetos do Sebrae do Rio Grande do Norte.
Ele disse que o encontro regional vai servir para “nortear” todo o segmento leiteiro, apresentando novas oportunidades de negócios e de tecnologias para o produtor de campo. “Sete anos de seca reduziram de forma drástica a capacidade do setor. No entanto, o evento vai apresentar novas oportunidades que o mundo do leite oferece. Para isso, houve a abertura de segmentos que não foram lembrados nas edições anteriores do encontro, como a gastronomia. O setor gastronômico pode servir como um novo impulsionador de negócios”, explica.
O evento vai envolver desde capacitações técnicas, passando cursos, exposições de animais, leilões e até espaço gastronômico. Haverá também apresentação de máquinas e implementos agrícolas. Um dos diferenciais deste ano é o de incentivar a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias.
Segundo a gerente executiva do projeto Governo Cidadão (projeto multisetorial do Governo do Estado), Ana Cristina Guedes, a expectativa é de que o encontro tenha a participação de 1,5 mil produtores potiguares de leite e derivados. A organização do encontro tem a participação do Sebrae, Governo do Estado, da Associação Norte-Riograndense de Criadores (Anorc) e da Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Faern).
Ela aponta que o governo vai participar da recepção de 18 membros do ‘Guilde Internationale des Fromagers’ (Confraria Internacional aberta aos profissionais do queijo, produtores, transformadores, curadores e comerciantes), sediada na França, que estão no Brasil para participar da primeira Edição do Mundial de Queijos do Brasil, a ser realizado na Serra da Canastra, em Minas Gerais.
A comitiva francesa vai conhecer as especialidades de queijos de coalho e de manteiga produzidos no Rio Grande do Norte. “A ideia é aproveitar o momento e fomentar a realização do próximo evento do mundial de queijos do Brasil aqui no Rio Grande do Norte”, aponta Ana Guedes.
Queijo artesanal
Os produtores de queijo artesanal no Rio Grande do Norte obtiveram duas importantes vitórias relacionadas com marcos legais nos últimos dois anos. A primeira foi a sanção da lei estadual Nivardo Melo (Lei 10.230), de julho de 2017, que estabelece regras para produção e comercialização. Com isso, as pequenas queijeiras passaram a ser consideras as unidades de produção artesanal.
De acordo com a lei, as unidades de produção estão localizadas em propriedade rural, com área útil construída não superior a 250 metros quadrados e que processam até 2 mil litros diários de leite.
Atualmente, o Rio Grande do Norte possui aproximadamente 350 queijeiras artesanais regulamentadas, mas a expectativa é de que este apresente crescimento ainda este ano. “Hoje, uma pequena unidade de produção potiguar vai estar em consonância com a lei federal. A produção local poderá sair do município de São João do Sabugi, por exemplo, para chegar até as mesas de todo o Brasil. Se não há restrições para o consumo entre os potiguares, o queijo produzido por aqui não pode ser impedido de alcançar outros mercados”, aponta Acácio Brito, do Sebrae.
Programação do evento inclui cursos, palestras e “Dias de Campo”
A programação de atividades do Encontro Nordestino de Leite e Derivados pode agradar, inclusive, quem não tem qualquer relação com o setor leiteiro. “O público deve participar e conhecer mais sobre o assunto. Quem está sem rumo, ou mesmo buscando um emprego, pode descobrir a oportunidade de abrir um novo negócio”, aponta Acácio Brito.
Ele reforça que as inscrições para os minicursos são gratuitas. No entanto, há uma limitação das vagas disponíveis – são apenas 15 vagas por turma. As inscrições podem feitas pela página do evento. Estão listadas na programação os cursos de fabricação de queijo de casca lavada e de tecnologia de queijo com coagulação natural a partir do leite de cabra.
As palestras programadas para o encontro também receberão as inscrições feitas pela internet. Estão confirmados 36 palestrantes, que irão falar das questões ligadas com regulamentação do setor, dos princípios básicos para produção de doce de leite, de melhorias genéticas para o rebanho, os efeitos das altas temperaturas na produção das vacas, entre outros assuntos ligados ao setor pecuário leiteiro.
Para o presidente da Associação Norte-Riograndense de Criadores (Anorc), Marcelo Passos, o Encontro Nordestino de Leite e Derivados (ENEL) vai abrir “janelas” para o setor e para os visitantes do parque. “A importância deste evento é suprema, pois traz uma programação rica e dinâmica, que vai mostrar as dores, mas também as janelas para o crescimento do segmento do leite. O Parque Aristófanes Fernandes será a capital do queijo do Nordeste”, diz.
Ele aponta que uma das novidades do evento será a programação “Dias de Campo”. A atividade promete mostrar como é produção do queijo desde a alimentação do rebanho, passando pela ordenha, tratamento do leite até alcançar a fabricação do produto final. “Todo o processo de fabricação do queijo poderá ser acompanhado pelas pessoas que irão ao parque”, resume.
Investimentos públicos
Para Ana Guedes, do Governo Cidadão, o Rio Grande do Norte possui uma longa tradição na pecuária leiteira, sendo um componente importante de sua economia no setor rural. “No entanto, o baixo nível tecnológico aplicado na exploração leiteira e a falta de gestão mais profissionalizada conferem ao segmento produtivo indicadores abaixo das suas reais potencialidades, aliado aos desafios de escassez hídrica”, disse.
Em 2014, segundo dados do IBGE, a produção de leite de vaca no ano de 2014 foi de 232.338 mil litros, o que se converte em uma produção diária de 636 mil litros, a partir da ordenha de 257.044 vacas. “A produção é de pouco mais de 900 litros por vaca por ano, o que configura uma baixa produtividade, pois se for considerada uma lactação de 305 dias, resultará em uma produtividade diária de aproximadamente 3 litros por vaca”, contabilizou.
Programação
Dia 5
Competição Vacaton – 16h
Abertura oficial – 19h
Dia 6
Minicursos – 8h30 até 16h
Palestras – 8h30 até 18h
Dia de Campo – 8h30 até 18h
Espaço gastronômico – 8h30 até 16h
Exposições, leilões e julgamentos – 8h30 até 16h
Dia 7
Minicursos – 8h30 até 16h
Palestras – 8h30 até 18h
Dia de Campo – 8h30 até 18h
Espaço gastronômico – 8h30 até 16h
Exposições, leilões e julgamentos – 8h30 até 16h