Especialista alerta: hábitos alimentares na infância definem a relação com a comida para toda a vida

No mês das crianças e do Dia Mundial da Alimentação, a nutricionista infantil Ana Chiapetti destaca a importância de formar bons hábitos desde os primeiros anos de vida

Outubro reúne duas datas simbólicas que se complementam: o Dia das Crianças (12) e o Dia Mundial da Alimentação (16). Mais do que uma coincidência no calendário, o momento é um convite à reflexão sobre como as escolhas feitas na infância podem determinar a saúde e o comportamento alimentar ao longo da vida.

De acordo com a nutricionista infantil Ana Chiapetti, é justamente nos primeiros anos que se forma o paladar e os hábitos que a criança levará consigo. “O que a criança aprende à mesa, leva para a vida toda. Os sabores, as texturas e até o modo como a família se comporta nas refeições moldam a relação dela com a comida no futuro”, explica.

A introdução alimentar, segundo a especialista, deve começar aos seis meses de idade. É nesse momento que pais e cuidadores assumem um papel decisivo. O processo pode seguir o método tradicional, com alimentos amassados que evoluem de textura com o tempo, ou o BLW (Baby-Led Weaning), em que o bebê é estimulado a conduzir a própria alimentação com cortes seguros e supervisionados “Desde o início, a criança já pode experimentar uma grande variedade de alimentos, como frutas, legumes, grãos, carnes e ovos. Isso ajuda a criar familiaridade com os sabores naturais e evita rejeições no futuro”, afirma Ana.

Riscos e benefícios

O consumo precoce de alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, refrigerantes e doces, preocupa especialistas. “Eles trazem riscos como obesidade, dislipidemia e carências nutricionais, além de saturar o paladar da criança com realçadores de sabor”, alerta.

Por outro lado, quando a alimentação é baseada em comida de verdade, os benefícios aparecem em todas as áreas. “Uma criança bem nutrida tem bom desempenho escolar, sono tranquilo, exames normais e curiosidade para provar novos alimentos”, destaca.

O papel da família

Para Ana Chiapetti, a chave está na rotina familiar. O exemplo dos adultos é determinante, e a mudança de hábitos precisa envolver todos. “A criança observa o tempo todo. Se vê os pais comendo de forma saudável, vai seguir o mesmo caminho. A alimentação da casa deve ser única, sem precisar fazer pratos diferentes para os pequenos.”

A nutricionista orienta que os pais evitem manter em casa produtos ultraprocessados e priorizem preparos simples, com ingredientes naturais. Refeições compartilhadas à mesa também fazem diferença. “O momento da refeição deve ser agradável. Pais presentes, tranquilos e que conversam com os filhos à mesa ajudam a criar uma relação emocional positiva com a comida”, acrescenta.

Encerrando com um recado direto aos pais, Ana reforça que a mudança começa em casa. “Tratem a alimentação da família como prioridade. As transformações que sonhamos para os nossos filhos dependem de nós. Façam refeições juntos, comprem comida de verdade e não deixem a exceção virar regra.”

Sobre Ana Chiapetti

Ana Chiapetti é nutricionista especializada em Seletividade Alimentar, pós-graduada em Nutrição Materno-Infantil e certificada no tratamento de dificuldades alimentares infantis. Possui certificação internacional na área e é coautora do livro “Além do Autismo”.

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