O câncer infantojuvenil corresponde a 3% de todos os casos de neoplasias no Brasil, com cerca de 8.460 novos diagnósticos anuais (INCA, 2023). Embora as taxas de cura sejam elevadas em países desenvolvidos, no contexto brasileiro, a mortalidade permanece alta devido a diagnósticos tardios, especialmente em regiões periféricas (WHO, 2020). Nesse cenário, o Agente de Saúde Comunitário (ACS), integrante da Estratégia Saúde da Família (ESF), emerge como figura central para romper barreiras geográficas, culturais e socioeconômicas que retardam o acesso ao tratamento.
O ACS atua na linha de frente do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo responsável por acompanhar até 750 famílias em sua área de abrangência (BRASIL, 2021). Sua atuação vai além da visita domiciliar: inclui educação em saúde, identificação de vulnerabilidades e mediação entre a comunidade e serviços especializados. No contexto do câncer infantojuvenil, destaca-se sua capacidade de reconhecer sintomas inespecíficos, como febre persistente, palidez e dores ósseas, que muitas vezes são negligenciados pelas famílias (SILVA et al., 2020).
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), propôs para superação das barreiras, a realização de Capacitação continuada: Parcerias entre hospitais de referência e ESF para treinar ACS em protocolos de alerta (ex.: Cartilha do INCA). Também a criação de um Sistemas de alerta precoce: Uso de aplicativos para registro de sintomas suspeitos, integrados ao prontuário eletrônico e até da Inteligência Artificial. Outra proposta seria o Apoio multiprofissional: Inclusão de pediatras e oncologistas em reuniões de equipe da ESF para discutir casos complexos.
O Agente de Saúde Comunitário é peça fundamental na cadeia de sobrevivência do câncer infantojuvenil. Sua atuação não se limita à identificação de sintomas, mas engloba educação e fortalecimento do vínculo comunitário. Para ampliar seu impacto, a inclusão de módulos sobre oncologia pediátrica nos cursos de formação do ACS; garantir recursos tecnológicos (ex.: telemedicina) para apoio diagnóstico; Reconhecer formalmente o ACS como profissional estratégico no combate ao câncer.
Como afirma a Organização Pan-Americana da Saúde (PAHO, 2018), “nenhuma criança deveria morrer de câncer por falhas no sistema”. O ACS, quando valorizado e capacitado, é a chave para tornar essa premissa uma realidade.

