Erdogan diz ser contra Finlândia e Suécia na Otan

Tayyip Erdogan (Foto: Wikimedia Commons)
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (Foto: Wikimedia Commons)

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta sexta-feira (13) que é contra a entrada de Finlândia e Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O líder turco afirmou a jornalistas em Istambul que não quer que “se repita o mesmo erro” cometido com a adesão da Grécia, acusando os dois países nórdicos de abrigar “terroristas” do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), movimento que luta pela criação de um Estado curdo.

“Não temos uma opinião positiva. Países escandinavos são como uma casa de hóspedes para organizações terroristas”, insistiu Erdogan.

Embora a Turquia tenha apoiado oficialmente a ampliação da aliança desde que aderiu à Otan há 70 anos, sua oposição poderia representar um problema para a Suécia e a Finlândia, pois os novos membros precisam da concordância unânime dos integrantes atuais.

O plano da Finlândia de solicitar a adesão à Otan, anunciado na quinta-feira, e a expectativa de que a Suécia seguirá o mesmo caminho, pode levar à expansão da aliança militar ocidental, algo que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pretendia evitar ao lançar a invasão da Ucrânia.

“Estamos acompanhando os desdobramentos relativos à Suécia e Finlândia, mas não temos opiniões positivas”, disse Erdogan aos repórteres em Istambul, acrescentando que foi um erro a Otan aceitar a Grécia como membro no passado.

“Eles são até mesmo membros do Parlamento em alguns países. Não é possível que sejamos a favor”, acrescentou.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que os finlandeses seriam “calorosamente recebidos” na aliança e prometeu um processo de adesão “suave e rápido”, o que também é apoiado pelos Estados Unidos.

Mas a Turquia tem repetidamente criticado a Suécia e outros países da Europa Ocidental pelo tratamento que dá a organizações consideradas terroristas por Ancara, incluindo os grupos militantes curdos PKK e YPG, e os seguidores do clérigo islâmico Fethullah Gulen, que mora nos EUA.

Ancara diz que os Gulenistas realizaram uma tentativa de golpe em 2016. Gulen e seus partidários negam a acusação.

Moscou na quinta-feira chamou o anúncio da Finlândia de hostil e ameaçou retaliação, incluindo medidas “técnico-militares” não especificadas.

Posição da Turquia

A Turquia tem o segundo maior exército da Otan, atrás apenas dos Estados Unidos, e tem tentado servir de mediadora entre Kiev e Moscou.

Já Finlândia e Suécia são integrantes da União Europeia, mas historicamente preferiram manter uma posição de neutralidade entre a aliança ocidental e a Rússia.

No entanto, a invasão à Ucrânia, motivada pela crescente aproximação de Kiev com o Ocidente, fez os dois países repensarem seu status atual.

Na Finlândia, o presidente Sauli Niinisto e a premiê Sanna Marin já divulgaram um comunicado conjunto defendendo a adesão à Otan, cujo pedido deve ser formalizado nos próximos dias.

Na Suécia, um relatório de segurança publicado pelo Parlamento nesta sexta-feira apontou que a eventual entrada do país na aliança militar reduziria o risco de conflitos no norte da Europa.

O Kremlin já ameaçou tomar contramedidas caso as nações escandinavas se juntem à Otan, porém admitiu que o teor da resposta vai depender da proximidade de futuras bases com a fronteira russa – Finlândia e Rússia compartilham 1,3 mil quilômetros de divisa.

De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o presidente Vladimir Putin comandou nesta sexta uma reunião do Conselho de Segurança do país para discutir as “potenciais ameaças” em função da ampliação da Otan.

Fonte: Globo