Pressão 12 por 8 não indica necessidade de remédios, mas merece atenção, explica cardiologista
População ainda tem dúvidas sobre a nova diretriz da SBC para hipertensão
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) atualizou recentemente sua diretriz de hipertensão arterial sistêmica. A mudança foi a inclusão da pressão 120 por 80 mmHg (ou 12 por 8) — antes considerada dentro da normalidade — na faixa de pré-hipertensão. A novidade ainda tem gerado dúvidas entre a população. De acordo com Sylton Melo, cardiologista e professor de Medicina da Universidade Potiguar (UnP), cujo curso de Medicina é o único em instituição privada no Rio Grande do Norte reconhecido pelo MEC e parte integrante da Inspirali, o melhor ecossistema de educação em saúde do país, as alterações não significam que pessoas com pressão 12 por 8 precisem iniciar tratamento medicamentoso.
Segundo ele, essa atualização tem o objetivo de reforçar o cuidado preventivo e o acompanhamento contínuo da pressão arterial. “O que isso significa? Significa que o paciente precisa ter um cuidado maior quando sua pressão chegar nesse nível. Não é para tomar remédio, e sim ter uma melhor avaliação, um melhor acompanhamento dos níveis pressóricos. A automedicação pode trazer riscos e mascarar o real problema”, frisa.
O tratamento medicamentoso, conforme destaca o professor, continua sendo indicado apenas para pacientes com pressão igual ou superior a 140 por 90 mmHg (14 por 9). “Não houve nenhuma mudança no tratamento da pressão arterial com a nova diretriz. Ela se manteve igual como era antes. Tratamento com remédio, pressão 140 por 90 ou mais. Existe também o tratamento não medicamentoso, que é a mudança do estilo de vida, como o controle do peso, alimentação balanceada, redução do sal na alimentação, a prática regular de atividade física, a suspensão do tabagismo e o controle do estresse”, complementa o especialista.
O professor reforça que o maior perigo da hipertensão está justamente na ausência de sintomas, o que pode atrasar o diagnóstico. “Infelizmente, na maioria das vezes, o paciente que tem pressão arterial elevada não sente nada. Vai fazer uma avaliação de rotina e descobre que a pressão está alta. Isso é que é o maior risco”, explica.
Por isso, ele orienta que a medição da pressão seja feita de forma periódica, seja em consultórios, seja por meio de exames como a MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) e a MRPA (Medida Residencial da Pressão Arterial). “O médico é quem vai poder avaliar melhor qual a melhor forma de acompanhar e detectar se o paciente é hipertenso”, dispara o cardiologista.
A nova diretriz da SBC segue uma tendência internacional — segundo o professor, a Sociedade Europeia de Cardiologia já havia adotado parâmetros semelhantes desde 2024. “Essa diretriz é muito importante exatamente para fazer com que as pessoas tenham mais cuidado no acompanhamento da pressão. Infelizmente, muitas vezes, as pessoas não avaliam a pressão regularmente. Deixam para, só quando vão sentir sintomas, procurar o médico. E, nesse caso, infelizmente, já pode ser tarde”, sinaliza.
“A melhor forma de ajudar a controlar a pressão arterial são as medidas não medicamentosas: reduzir a ingestão de sal, controlar o peso, fazer atividade física regular, parar o cigarro e reduzir o estresse emocional. O uso de medicamentos só deve ser iniciado após avaliação médica especializada”, pontua o docente da UnP/Inspirali, Sylton Melo.