Pedidos aposentadoria cresceram 30% em janeiro

Brasileiros tentam aposentadoria. Foto: Pixabay (Crédito: )

POR BÁRBARA BAIÃO CBN

Com a chegada de uma nova reforma da Previdência, muitos brasileiros estão correndo para conseguir se aposentar ainda pelas regras atuais. Em janeiro, mais de 234 mil pessoas ingressaram com o pedido no INSS – um crescimento de 30% na comparação com mesmo período do ano passado. O aumento no interesse segue a tendência observada no país durante o governo do ex-presidente Michel Temer, que também propôs mudanças na aposentadoria. Entre o início de 2016, quando a reforma nem tinha sido cogitada, e 2018, as solicitações do benefício por tempo de contribuição subiram 40%. O professor de Direito Previdenciário do Ibmec Fábio Zambitte diz que não é caso de desespero. Ele lembra que quem já pode se aposentar agora não vai sofrer com as mudanças.

Para aqueles que estão próximos de alcançar o benefício, a recomendação dos especialistas também é de cautela. Isso porque, mesmo com a criação da idade mínima, o país vai passar por um período de transição nos regimes. As novas regras da reforma da Previdência foram anunciadas pela equipe econômica e recebidas pela Câmara. Mas tem deputado dizendo que só vai iniciar as discussões depois que o governo também apresentar o projeto que muda o regime de aposentadoria dos militares. O pesquisador da FGV, Bruno Ottoni, lembra que o contribuinte precisa estar atento às mudanças que o Congresso Nacional vai fazer no texto:

‘A gente tem que lembrar que isso ainda é uma proposta d reforma da previdência. Esta proposta vai ao Congresso e, provavelmente vai passar por muitas alterações. Então tem que analisar quanto tempo falta para aposentar por tempo de contribuição. Então se faltarem dois anos ou menos acho que não tem tanta necessidade de correr para fazer essa aposentadoria porque pela regra de transição vai pagar um pedágio pequeno. Se tiver dois anos ou mais aí pode ser interessante olhar caso a caso. E aí, uma coisa que é importante é ver como é que ficaria o benefício do indivíduo porque correndo para se aposentar ele pode acabar perdendo muito do valor da aposentadoria que ele receberia em virtude da aposentadoria um pouco mais cedo.’ 

Atualmente, a idade média de aposentadoria de trabalhadores urbanos é de 54 anos e meio, e o valor médio dos benefícios é de R$ 3 mil. A estimativa do Planalto e da presidência da Câmara é que o texto vá a plenário até o fim deste semestre. Mas, nos bastidores, parlamentares já demonstram que o governo não terá vida fácil para conseguir aprovar a reforma. O líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento, sinalizou a insatisfação com as alterações no Benefício de Prestação Continuada e na equiparação da idade de aposentadoria rural para homens e mulheres:

‘Muito problema, não dá para mexer. Só quem, acho que é, técnico burocrata não sabe o que significa uma mulher que trabalha mais do que o homem no campo, acorda às quatro da manhã para buscar uma lata de água na cabeça para cozinhar para seus filhos e depois pega na enxada para trabalhar. Esse pessoal tem que ter um tratamento diferenciado.’ 

No ano passado, a diferença entre o dinheiro arrecadado com contribuições previdenciárias e o que foi pago de benefícios foi a maior da história: o déficit chegou a R$ 290 bilhões, de acordo a Previdência Social e o Tesouro Nacional. No primeiro pronunciamento em cadeia nacional sobre o assunto, o presidente Jair Bolsonaro classificou a nova PEC da Previdência como ‘justa’ e necessária para o sistema não quebrar. Já o ministro da economia, Paulo Guedes, falou em compromisso moral para dar fim ao atual regime que, na avaliação dele, é um avião destinado a cair.