Exame de DNA sairá em até 30 dias

A partir desta quarta-feira (7), o Instituto Técnico-Científico de Perícia do Rio Grande do Norte (Itep-RN) passou a realizar, em seu próprio laboratório, os exames de DNA. O serviço, anteriormente, era feito apenas fora do Estado, através de convênios com a Bahia,  Ceará e Maranhão, o que fazia com que os resultados demorassem a chegar no Estado, levando até seis meses em alguns casos. Com o novo laboratório, o Itep pretende reduzir esse tempo médio para 30 dias.

Laboratório foi inaugurado em julho e inicia o funcionamento após um curso para os servidores. Governador visitou o local ontem

Laboratório foi inaugurado em julho e inicia o funcionamento após um curso para os servidores. Governador visitou o local ontem

O laboratório de análise de DNA do Itep foi inaugurado em julho deste ano. No entanto, os profissionais precisaram passar por treinamentos da empresa responsável pela instalação do software de análise antes de iniciar as operações.

O primeiro material coletado para análise é de familiares da adolescente Maria Carla da Silva, de 12 anos. O material genético será comparado à ossada encontrada no dia 17 de outubro, na zona rural de Apodi, e que pode pertencer à jovem, vista pela última vez um mês antes do corpo ser encontrado no município. O objetivo do exame é confirmar se o corpo, de fato, é da adolescente.

No passado, casos como o da jovem Iasmin Lorena de Araújo, de 12 anos, que teve seu corpo encontrado na comunidade da África, demoraram meses até terem sua análise concluída em laboratórios fora do Estado. “Esperamos que, com a implementação desse novo laboratório, possamos dar celeridade ao processo de análise de DNA. Para as famílias, é muito doloroso passar seis, sete meses esperando um resultado como esse, sem saber se aquele corpo é de um ente próximo ou não”, afirma Marcos Brandão, diretor do Itep.

Atualmente, 13 corpos aguardam na fila para serem identificados pelo Instituto, alguns dos quais estão há um ano na “fila”. De acordo com o diretor, no passado, houve casos que chegaram a esperar um ano e meio pela identificação. “Isso acabava acontecendo porque os laboratórios dos outros Estados permitiam que enviássemos as amostras quando eles tinham disponibilidade, e isso não era sempre”, explica.

A coleta do material que pode pertencer a Maria Carla será a primeira operação do laboratório antes dele ser integrado à rotina do Instituto. Uma vez concluída a análise e testados os protocolos de operação, os outros 13 que aguardam na fila vão poder, também, ser analisados. A expectativa, de acordo com Marcos Brandão, é que no próximo ano os serviços do laboratório possam se expandir para analisar, também, vestígios de material genético em cenas de crime, procedimento nunca antes feito no Rio Grande do Norte.

“Isso será um avanço muito grande na investigação criminal. Vai permitir que uma mancha de sangue encontrada em uma cena de crime seja analisada em nosso laboratório, o que pode ajudar a identificar pessoas presentes na cena, e até o possível autor do crime”, afirma Brandão. Esse procedimento, por sua vez, seria mais rápido que a análise de material genético de cadáveres que, em muitos casos, precisam de uma reconstrução para poderem ser analisados, a depender do tempo de decomposição em que forem encontrados.

Relembre o caso
A ossada supostamente pertencente a Maria Carla da Silva, de 12 anos, foi encontrada no dia 17 de outubro, na zona rural do município de Apodi, região Oeste do Estado. A menina passou um mês desaparecida antes do corpo ser encontrado e de seu cunhado ter confessado o assassinato. Foi ele quem mostrou, à polícia, o local no qual o corpo estava enterrado.

Como já estava em um avançado estado de decomposição, a identificação por meio de impressões digitais não foi possível, e a análise da arcada dentária também foi descartada, pois a menina não possuía exames que pudessem ser usados como forma de reconhecê-la. Na tarde desta quarta-feira (7), familiares recolhem o material genético para que possam receber a confirmação oficial a respeito da identidade do corpo. A investigação do homicídio está sendo conduzida pela Delegacia de Polícia Civil de Apodi. O cunhado, que confessou o assassinato, está preso.

Números
meses era o tempo médio de espera para a conclusão dos exames de DNA que eram enviados para outros estados;
30 dias é o tempo médio de espera, previsto pelo Itep, para que os exames sejam feitos no RN;

13 é o número de corpos que aguardam a identificação através do exame no Estado.