Pessoas com deficiência têm manhã de oportunidades para inserção no mercado de trabalho

Oito empresas especializadas em prestação de serviços de limpeza e conservação realizam mutirão para cadastramento de currículos

Com o objetivo de inserir pessoas com deficiência no mercado de trabalho e garantir o apoio à inclusão, as empresas potiguares de locação de mão de obra, JMT Service e Clarear, participaram, na manhã deste sábado (16), da 10ª edição da Ação Nacional Febrac – Limpeza Ambiental e Cidadania, promovida pela Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação. O evento foi realizado na sede da Subcoordenadoria para Inclusão da Pessoa com Deficiência (CORDE/RN), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) e contou com a participação de oito empresas do segmento.

Yudson Torres, de 27 anos, foi um dos que participou da ação. Com uma deficiência no braço esquerdo, que o impede de realizar certos movimentos, o jovem buscava uma vaga como motorista de caminhão. “Já trabalhei como promotor de vendas, instrutor de autoescola, auxiliar de produção e ASG, mas sonho em ser motorista de caminhão. Essa vontade vem do prazer e de gostar de dirigir. Acredito que sou capaz para exercer a função”, contou Yudson, que começou a trabalhar aos 14 anos como vendedor de praia e no camelô no bairro do Alecrim.

Assim como Yudson, diversas pessoas participaram do mutirão com o sonho de voltar ao mercado de trabalho.  Leonardo Alves, de 27 anos, foi um deles. Com deficiência na perna direita, causada por um acidente de caminhão quando ele tinha apenas 12 anos de idade, o jovem aprendeu desde cedo a se reinventar na vida. Com o uso de muletas conseguiu vencer várias etapas e chegar ao mercado de trabalho em 2001. “Meu primeiro emprego foi mais fácil de conseguir. Coloquei meu currículo e na mesma hora ele foi aceito. Trabalhei como cobrador de ônibus por um ano. Quando saí, passei a trabalhar como porteiro e é a função que estou procurando hoje aqui. Estou desempregado há três anos e acho que esse evento pode me ajudar, pois aqui são várias empresas dando oportunidades. Melhor do que sair entregando currículo de porta em porta”, explicou.

Com o mossoroense Thyago Texeira Rocha, de 34 anos, não foi diferente. A perda auditiva, causada por uma meningite quando ele tinha apenas três meses de vida, deixou sequelas, mas não o impediu de buscar novos rumos. Ainda criança foi à escola, mas não conseguiu concluir o ensino. Tudo começou a melhorar há nove anos, quando ele conseguiu fazer uma cirurgia de implante coclear que lhe deu de volta a possibilidade de escutar e interagir com outras pessoas. Assim, Thyago entrou no programa menor aprendiz e trabalhou por cinco anos, como ASG, mas, em março deste ano, ficou desempregado. “Acho esse mutirão muito importante para que eu volte ao mercado de trabalho”, afirmou.

Acompanhado pela irmã, Cynthia Teixeira Rocha, de 37 anos, o jovem percorreu as oito empresas para deixar seu currículo. “Ele voltar a ter emprego é muito importante. Em casa, sem fazer nada, ele não se sente útil. Ele gosta de comprar as coisas dele, o celular novo todo ano, de ter a vida própria e seu dinheiro. Quando vi que ia ter esse mutirão já me organizei para vir com ele e estou aqui para ajudar no que for preciso, pois, às vezes, as pessoas não entendem o que ele fala. Me sinto o anjo da guarda dele”, contou Cynthia.

A esperança que rodeia os que concorrem às vagas é a mesma das empresas que participam da ação. Segundo a gerente administrativa da JMT Service, Shylana Medeiros, existe uma preocupação não apenas em conseguir a vaga, mas em ver se o interessado está apto para exercê-la e se a empresa em questão também é capaz de atender as necessidades do funcionário. “Após a entrega dos currículos e o preenchimento de cadastro, o setor de Recursos Humanos de ambas as empresas fará a análise do perfil dos candidatos, em data a ser agendada, onde será avaliada a vaga oferecida de acordo com a compatibilidade da deficiência de cada interessado. Recepcionistas, telefonistas, digitadores, porteiros, vigias, serventes e auxiliar de serviços gerais são apenas alguns dos postos de trabalho ofertados. Temos que ver se eles estão aptos para o trabalho e também nos preocupamos para qual contratante vamos o enviar, se o local é seguro para o receber, por exemplo. Não queremos dar apenas emprego, queremos incluí-los de fato e oferecer uma vida melhor”, concluiu.