Um ano após demissão, William Waack diz que a Globo é um ninho de cobras

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O jornalista William Waack à frente do Painel WW, programa que ele comanda no YouTube - Reprodução/YouTube

O jornalista William Waack à frente do Painel WW, programa que ele comanda no YouTube

Um ano após ter sido afastado do Jornal da Globo por causa de comentários racistas feitos em 2016, William Waack abriu o jogo sobre sua demissão. Em entrevista para o canal Pingue-Pongue com Bonfá, o jornalista afirmou que não é mais chamado de preconceituoso pelo público e que sua antiga emissora é um ninho de cobras.

“Qualquer grande empresa é [um ninho de cobras]. Como se falava na minha época, lá nos Correios e Telégrafos também é assim. Qualquer grande empresa tem pessoas de extraordinária capacidade e de caráter muito bom, e qualquer grande empresa terá também canalhas inomináveis, e acho que isso aí se aplica como regra da humanidade”, detonou Waack ao jornalista Marcelo Bonfá em vídeo publicado no canal do YouTube nesta sexta-feira (9).

Na conversa, o âncora relembrou os 21 anos que passou na Globo e disse que agregou valor para o Jornalismo da emissora. “O que eu trouxe para a emissora foi a credibilidade e a perícia técnica profissional que eu já tinha conquistado e consolidado. Eu cheguei na Globo com 30 anos de carreira”, explicou.

Apesar de os comentários de tom racista que fez e que foram vazados na internet terem custado seu emprego, Waack afirmou a Bonfá que não foi ofendido em lugares públicos nem perdeu amigos.

“Ao contrário, ganhei vários. Acho que a esmagadora maioria das pessoas percebeu que aquilo era uma piada de boteco, dita no ouvido de um amigo. Sussurrado como todo mundo faz depois de tomar duas cervejas e brincar”, minimizou o âncora, ressaltando que o vídeo sequer foi ao ar. “Aquilo evidentemente foi roubado de um servidor interno da TV Globo e fizeram o uso que fizeram.”

Como o Notícias da TV publicou em fevereiro, o acordo de demissão que Waack assinou com a Globo o impede de falar especificamente sobre sua saída. A Bonfá, ele confirmou esse contrato. “Nós fizemos um documento, pelo qual a Globo e eu encerramos a nossa colaboração. Esse documento tem várias cláusulas e uma delas é que não falamos mutuamente um do outro”, reconheceu.

Vida fora da Globo
Fora da emissora há um ano, o jornalista percebeu que há vida longe da programação da Globo. “E muito boa, por sinal. Imediatamente depois daquele episódio a minha reação psicológica mais forte foi a de me livrar de um peso que me parecia ter aquela coisa toda em volta de mim. E a sensação de liberdade, de independência e de um caminho que se abria em perspectivas era muito positiva”, filosofou.

Atualmente à frente do Painel WW, uma versão para a internet do programa que comandava na GloboNews, ele não sente vontade de voltar para a TV. Pelo menos por enquanto. “Não há na minha parte, imediatamente, o interesse. Óbvio que eu sou profissional, vivo de salário. Vindo uma oferta de trabalho legal é claro que eu vou ouvir e vou fazer, mas sair da internet eu não vou”, reforçou.

Ele admitiu, no entanto, que teve (e continua tendo) conversas com o canal BandNews. “Elas se baseiam no seguinte: a Band, através de pessoas comuns que trabalhavam no meu projeto e agora trabalham na Band, gostou do Painel [WW] e achou que poderia fazer parte integrante da grade deles na área de Jornalismo, não de Entretenimento”, resumiu, sem muitos detalhes.

Comandar um telejornal diário, como o que fazia na Globo, está fora de cogitação. “Eu acho que não tenho mais saúde. Era um horário muito ruim. O relógio biológico da gente não é feito pra isso de entrar 17h e sair 2h, com aquela adrenalina. Acho que são coisas que a gente faz uma vez na vida. Eu fiz, tive uma ótima carreira nesse sentido, mas não é o hoje o que me atrai”, desconversou.

A entrevista de Marcelo Bonfá com William Waack terá outros vídeos, que serão publicados nos próximos dias. Na conversa, ele falará sobre a nova vida de youtuber, o presidente eleito Jair Bolsonaro, sua passagem pelo jornal O Estado de S.Paulo, liberdade de imprensa, democracia e ditadura.

Confira o vídeo da conversa de Waack e Bonfá: