Direito de escolha: médicas defendem o retorno às aulas com as famílias podendo optar por ensino presencial ou on-line

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Com o anúncio de mais um adiamento do retorno às aulas no Rio Grande do Norte, por pelo menos 30 dias, começou a ganhar corpo um movimento de pais, respaldados por médicos, que defendem o direito de escolha em manter os filhos em casa, estudando de forma on-line, ou a volta às atividades presenciais, com todas as medidas de segurança necessárias para garantir um ambiente saudável, livre de riscos para a contaminação pelo novo coronavírus. É o chamado ensino híbrido. No estado, as aulas estão suspensas desde o mês de março. Alguns especialistas argumentam que já há um ambiente favorável para o retorno das escolas nesse novo modelo.

Dados divulgados pelo Consórcio de Veículos de Imprensa, neste último domingo, apontam que o Rio Grande do Norte teve a segunda maior redução de mortes por Covid-19 do Brasil, com queda de 55%. Diante de números como esse, a pediatra Giovanna Paiva acredita que os pais podem decidir qual a melhor opção para manter os estudos dos filhos, respeitando todos os protocolos e cuidados preconizados. “Sou a favor do retorno das aulas de forma híbrida, sempre avaliando as condições e cada contexto familiar. Sempre lembrando que se a criança faz parte de algum grupo de risco ou na sua residência tem alguém que se enquadre no risco ou, ainda, se tem contato frequente com idosos, essa criança precisa permanecer em casa”, avalia.

Essa também é a opinião da médica reumatologista Danyele Dias, que é mãe e casada com o médico intensivista Sérvulo Dias Júnior, que dirige a UTI de um grande hospital em Natal e lida com pacientes com a Covid-19. Ela argumenta que o estado vive hoje a fase 3 da reabertura da economia, que tomou como base a baixa taxa de contágio, o número de leitos de UTI e hospitalares vagos, a estruturação da rede de saúde, a queda progressiva do número de casos novos, a redução no número de óbitos e a melhora da capacidade de liberar resultados de testes com mais rapidez.

“Eu acho fundamental garantir o direito da criança à educação, dando a opção ao pai, seu tutor, de escolher o modelo que lhe atende. Então, se o pai ou a criança não se sentirem seguros, ou se forem portadores ou tiverem contato com uma pessoa que tenha alguma doença que seja fator de risco, deverá ser garantida a opção de permanecer no modo de aula virtual. Já para os outros, o modo híbrido parece uma boa opção e tem sido utilizado já há alguns meses no Amazonas, bem como será o novo modo de educação no resto do mundo. Alguns países da América do Norte, Europa e Ásia já anunciaram que adotarão este modelo”, argumentou.

Cinco meses em casa

As médicas também concordam que as crianças já começam a sofrer as consequências de um longo período em casa, longe do convívio escolar, tão necessário para a sua formação, e que isso também deve ser levado em conta para o retorno das aulas.
“O que tenho visto na minha prática clínica são crianças ansiosas, adquirindo peso excessivo, alterações de comportamento, como agressividade e depressão, além de alterações no sono e apetite. As crianças e adolescentes precisam da rotina, da socialização, para um melhor desenvolvimento cognitivo e emocional. Portanto, precisamos levar em consideração tanto a saúde física como mental dos mesmos”, expôs a pediatra.

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“Muitos pais se prendem mais ao conteúdo, mas esquecem dos benefícios psicossociais do convívio escolar. A habilidade de mediar conflitos, socialização, empatia, cooperativismo, psicomotricidade, são elementos que são construídos na escola. O convívio familiar restrito deixa a criança mais apegada ao lar, acomodada com as facilidades. As crianças são pequenas “esponjas” e absorvem tudo de bom ou mal rapidamente. A escola tem o dom de filtrar tudo e nos dar o melhor”, exemplificou Danyele, que é mãe de duas meninas, estudantes do ensino infantil e fundamental da escola Maple Bear Natal.

Volta segura

Um retorno às aulas no modelo híbrido vai exigir dos pais e das escolas a adoção de regras sanitárias para que o ambiente escolar se torne um local ainda mais seguro e saudável. As escolas vão precisar se adequar aos protocolos estipulados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e vai caber aos pais o trabalho de orientação sobre o uso correto da máscara, a importância do distanciamento, a lavagem das mãos e o uso adequado do álcool gel.

“A escola também deve Informar aos pais que, se surgir qualquer sintoma suspeito na criança ou algum membro da família, deve afastar essa criança da escola por 2 semanas ou até todos os familiares se encontrarem bem”, alertou a pediatra Giovanna Paiva.
“O grande papel da escola vai ser a educação na elaboração de rotinas e regras de convivência, baseadas no novo normal. Os pais devem ser engajados nisso também e convidados a participar dando exemplo de cidadania. Esse ensinamento é rapidamente repassado pelas crianças aos pais, que previsam encorajá-las a praticarem essas novas medidas de segurança”, finalizou a médica Danyele Dias.

Fotos:
-Médica Pediatra Giovanna Paiva
-Professoras em sala de aula da Maple Bear Natal, com equipamentos de proteção e distanciamento

Assessoria de Comunicação
Ska Comunicação